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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Dirceu lota auditório da ABI e avisa à direita e à mídia conservadora: “Não vão me calar!”


O auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio, na noite passada, estava com sua capacidade de 600 lugares completamente esgotada. Mas havia gente pelos corredores, no saguão, no hall de entrada, na entrada do prédio histórico erguido à Rua Araújo Porto Alegre. Este público, de pé, aplaudiu o brado de José Dirceu, no final da noite passada, em ato contra sua condenação no Supremo Tribunal Federal: “Não vão me calar!”.
Raimundo Pereira, editor-chefe da revista Retrato do Brasil
Raimundo Pereira, editor-chefe da revista Retrato do Brasil
Alvo da Ação Penal 470, o processo conhecido como ‘mensalão’, ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula, deputado federal e ex-exilado político por combater a ditadura militar instaurada no país, em 1964, Dirceu definiu a decisão dos magistrados como uma “violência jurídica nunca vista”, durante um julgamento “medieval”, como o classificou o jornalista Raimundo Pereira, editor-chefe da revista Retrato do Brasil, um dos convidados à manifestação.
– Medieval porque seguiu a dinâmica dos julgamentos no medievo, quando uma bruxa era torturada até a morte para que confessasse ser uma bruxa. Se morria sem confessar, ficava provado que era mesmo uma bruxa, pois nenhum ser humano normal poderia resistir a tamanha tortura sem confessar qualquer coisa. Se confessasse, morria na fogueira. Ou seja, a bruxa não tinha chance nenhuma – disse Pereira, após apontar uma série de falhas no processo que condenou José Dirceu, o deputado José Genoino, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares e o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizolatto.
Dirceu, ao discursar, cumprimentou o coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, jornalista Altamiro Borges, que apontou a necessidade de se estabelecerem os marcos regulatórios da mídia no país, como forma de neutralizar o cartel de “sete famílias que dominam a comunicação no país”, como afirmou aoCorreio do Brasil. O ex-ministro também concordou com o professor Adriano Pilatti, advogado e docente na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, também presente à manifestação, que “apenas um milagre” impedirá que ele cumpra a pena imposta pelo Supremo, mas o fato de amargar um novo período na prisão, não o impedirá de lutar com todas as suas forças para provar sua inocência no caso.
– Pode ser regime fechado, pode ser segurança máxima, pode ser solitária. Não vão me calar! Eu vou lutar! – afirmou o dirigente petista.
Dirceu demonstrou sua indignação ao afirmar que “não há testemunhas e base na acusação de compra de votos” de congressistas e apontou uma possível manobra política na condução do julgamento. A realização das sessões durante o período eleitoral, afirmou, “foi falta de pudor”.
– O julgamento teve quatro meses e parou de julgar toda a sua pauta, por algo que era transmitido por TV aberta. Algo que não existe. Sendo assim, se transformou num julgamento de exceção. Mas, perdemos essa batalha. Foi a primeira derrota que tivemos desde 2002 – disse.
Dirceu, de braço erguido, na mesa ao lado de Hildegard Angel (E), Fernanda Carísio, Raimundo Pereira e Altamiro Borges
Dirceu, de braço erguido, na mesa ao lado de Hildegard Angel (E), Fernanda Carísio, Raimundo Pereira e Altamiro Borges
A realização, na noite desta quarta-feira, do ato Pela Anulação do Julgamento do Mensalão, organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT-RJ) e pelo Instituto Barão de Itararé, foi apenas mais um no circuito que percorrerá todo o país. Nesta quinta-feira, Dirceu seguiu para Belo Horizonte, em ato convocado em sua defesa.
– Eu optei por lutar, apesar do linchamento e da violência da imprensa. Vou percorrer todo o Brasil. É uma luta longa que só está começando – afirmou Dirceu.

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