OS JOGOS UNIVERSITÁRIOS
Alberto Rostand Lanverly
Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas e da Academia Maceioense de Letras
Vivíamos o final da década de setenta. Os jogos universitários despertavam grande paixão entre os estudantes. As aulas eram paralisadas e cada curso se organizava para defender suas côres. Todas as modalidades eram disputadas. Geralmente, a rivalidade se iniciava no desfile de abertura quando nas principais ruas de Maceió, cada grupo se esmeirava para obter o primeiro lugar, porque contava pontos valiosos para o somatório final, que definia o grande campeão. A partir de então, começava a luta. Eram oito dias de atividades esportivas as mais diversas e constantemente acirradas. Os torneios de futebol e atletismo, se realizavam nos campos do CSA, orfanato São Domingos, 59 Bimtz e as vezes no Trapichão. Os de quadra, nos ginásios da Fenix, CRB e SESC. A pesca submarina, na praia do Francês. Os esporte a vela, na enseada da Pajuçara e o Ténis, no Jaraguá Clube.
Os grupos se organizavam em todos os sentidos, tendo responsáveis tanto pela animação, charanga, cartazes e bandeiras, quanto pela distribuição do "flal" entre a galera. Constantemente, ocorria um "quebra pau" entre as torcidas, principalmente quando estavam em terra, mar ou nas quadras, os times de Engenharia Civil, Medicina e Ciências Médicas.
As partidas decisivas eram uma apoteose. Os locais das disputa abriam seus portões ao público, horas antes do inicio do evento, e os retardatários não tinham acesso, tal a lotação do local. Professores, familiares e amigos para lá iam afim de torcer por seus atletas.
Existiam as lendas de que os peixes retirados d'agua durante a competição, eram mais robustos que similares pescados em outras ocasiões, pois, comprados na véspera, tinham pedaços de chumbo alojados em suas barrigas e posteriormente entocados nos orifícios dos arrecifes do Francês para na hora propícia serem retirados e apresentados aos juízes aumentando assim a pesagem. Os "flaus" tomados nas arquibancadas, durante as partidas, eram diferentes dos comercializados normalmente, tal o alto índice de teor alcoólico inserido na garapa.
A bandeira azul com uma catenária no centro, que representa a Engenharia Civil, era defendida em todas as modalidades, com muita a garra. Cada um a sua maneira, participava, quer fosse torcendo, jogando ou organizando estratégias.
Sempre fui adepto do futebol de salão. Juntamente com Napoleão Barbosa, Antonio Aurélio Duca, Haroldo Pacheco, Tomaz Beltrão e Helder Damasceno, formavamos uma “esquadra”, praticamente imbatível, no âmbito universitário. Treinávamos quase todas as noites, no ginásio da Cambona. Tivemos partidas memoráveis, contra a Odontologia do Zé Raimundo e Ticiano, a Economia do Marcos Santa Rita Paca e do Felipe Cabeção Braga, a Educação Física do Castanha e do Joubert, o Direito do Jorginho Doria e Paulo Roberto Oliveira Lima, A Medicina do Clóvis e a Ciências Médicas do Paulinho e do Bira. Em cinco anos de disputa, levantamos cinco vezes o troféu.
De uns tempos para cá, os Jogos Universitários, foram, aos poucos, sendo descaracterizados, perdendo o elã que outrora possuira, mas, suas emoções, continuam vivas, pelo significado que possui, na memória daqueles que foram contemporâneos da época de ouro das atividades esportivas, na Universidade Federal de Alagoas.
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