Mr. AVC e Mr. Tufão
Ronald Mendonça
Médico e Membro da AAL
Em S. Paulo, o Hospital do
Servidor, onde fiz Residência Médica, dedicava especial atenção aos portadores
de AVC. Não por acaso, o diretor do Serviço de Neurologia, o Prof. Roberto
Melaragno, era cunhado por seus pares de Academia por “Mr. AVC”.
A
formação neurológica de “Mr. AVC” foi coroada em Paris, com o Prof.
Garcin, na Salpêtrière, cujo DNA abriga partículas de Charcot e Babinsky,
dentre outros. É, pois, herdeiro dessa elite.
Maître Melaragno esteve em Maceió para conferências. Era um
brilhante orador, além de apreciador de bons vinhos e, dizia-se à sorrelfa, de
belas mulheres. Sua cota de galã esgotar-se-ia ao patrocinar a ida de uma
sensual atriz de TV para um aplaudido
“Monólogo de Natal”, na enfermaria do Hospital do Servidor.
A propósito, o dia 29 de outubro
é o Dia Mundial do AVC. Nunca é demais lembrar que o AVC (ou “Derrame”) é uma
doença de início súbito, que pode se instalar a qualquer momento, inclusive
durante o sono. Fraqueza num hemi-corpo com assimetria facial, associadas ou
não a distúrbios da fala, são as queixas mais freqüentes. Mais usual
nos acima de 55 anos. Crianças não estão livres do mal.
Entre os fatores, além dos
inelutáveis (genética e idade), não há dúvidas sobre o central papel da hipertensão arterial. Obesidade,
diabetes, colesterol alto, tabagismo e cardiopatias também são ativos co-partícipes.
O melhor tratamento do AVC é a
profilaxia. Herdamos do português o excesso de sal nas comidas, crucial na
hipertensão... O sedentarismo, assim como os alimentos industrializados – ricos
em sal e gorduras são outros venenos.
Uma vez instalado, corre-se contra o tempo.
Com efeito, está demonstrado que é possível reverter quadros de AVC, quase
inexoráveis, recorrendo-se a imediatos procedimentos de desobstrução vascular.
Maceió ainda não conta com uma estrutura desse porte. Num porvir de alguns
anos, é utópico pretender-se que hospital público alagoano reúna condições
técnicas para tal.
Tratar a hipertensão e outros fatores
de risco soam tão óbvios... Pena os PSF não funcionarem. Esta é a razão e o
porquê de os pronto-socorros estarem
repletos de pacientes sequelados de AVC. A má remuneração impele os hospitais
conveniados a temerem transferir esses doentes.
Como mensagem final: o dinheiro
desviado dos cofres públicos para alimentar o “Mensalão” (patifaria que Mr.
Tufão Inácio da Silva desconhecia) seria suficiente para atender, durante um
ano, aos portadores de AVC do País.
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