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segunda-feira, 6 de agosto de 2012


A HORA DA COBRANÇA
RONALD MENDONÇA
MÉDICO E MEMBRO DA AAL

O respeitável colunista Sebastião Nery, um dos mais bem informados jornalistas do país, sem rodeios, aponta o ex-presidente Lula como o mentor da compra de parlamentares, expediente que ficou conhecido como “mensalão”.
 Com ou sem aspas, dependendo  das paixões políticas pessoais, o esquema funcionou azeitado por dinheiro público até que alguém abriu o bico mostrando o momento em que um funcionário dos Correios recebia, à sorrelfa, uma babinha.
Surgia o falastrão Roberto Jefferson que entregaria todo o funcionamento dando nome aos bois, com inegável conhecimento de causa.
Como pedras de um dominó, foram caindo figuras carimbadas freando de súbito no ministro José Dirceu, o “número 2” da novel república popular socialista brasileira.
Verdadeira tragédia.  Gente como Genoíno, João Paulo, Silvinho (“Land Rover”) e Delúbio, além do próprio Dirceu, na contramão das evidências, insistiam que seu partido “não roubava nem deixava roubar”. A culpa era da imprensa revanchista, golpista e rancorosa. E tome deputado a renunciar ao cargo para não ser cassado. Na crista, um sinistro careca, de nome Valério, roubaria a cena. Até o publicitário Duda Mendonça tirava suas casquinhas. Uma festa democrática com a cara e a digital do PT.
Lula tremeu. Apareceu humilde, pálido e sudoreico pedindo desculpas ao povo brasileiro. Queixava-se de traição. Nunca soube de nada. Um anjinho barroco em meio de víboras. Não cairia por pura incompetência da oposição, ela própria com indeléveis nódoas morais.
Enquanto essa gente nadava (e continuou nadando) em ouro suspeito, a equipe brasileira de ginastas passa vergonha em Londres,  grotescamente, em sucessivas quedas  de bunda, depois de manjadas piruetinhas.  O natural nervosismo mistura-se à insuficiente preparação, à falta de renovação do plantel. Nossas apostas estão nos artríticos Hipólitos e Daiane dos Santos. É de causar dó o sofrimento dessas criaturas. Daqui a pouco esses gloriosos atletas estarão competindo de bengala ou cadeira de rodas. Que ninguém se engane, isso aí é a síntese da educação capenga,  meia-boca, do país. Do “nóis é feliz”.
Diferentemente da bisonha campanha em Londres, imediatamente punida pela ausência de medalhas, nossos pilantras mensaleiros estão longe de maiores admoestações. É que, dizem as más línguas, as nomeações para os altos cargos teriam preço e prazo. É justo. Finalmente, a gratidão é um dos sentimentos mais nobres do ser humano. É chegada a hora da cobrança.




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