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terça-feira, 29 de maio de 2012

JB NA HISTÓRIA


29 de maio de 1999: João do Pulo salta para o pódium do céu

Adeus a João do Pulo. Jornal do Brasil: Segunda-feira, 31 de maio de 1999.

O esporte brasileiro está de luto. João Carlos de Oliveira, 45 anos, o João do Pulo, morreu as 22h de sábado, no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, onde estava internado desde 29 de abril. Segundo o boletim assinado pela equipe médica de plantão na Unidade de Terapia Intensiva e Choque do hospital, João do Pulo morreu de falência múltipla dos órgãos, em decorrência de um quadro de hepatopatia (cirrose hepática) e septicemia (infecção generalizada).

João entrou para a seleta galeria dos grandes nomes do esporte brasileiro aos 21 anos, no dia 15 de outubro de 1975, ao bater o recorde mundial de salto triplo durante a disputa da 7ª edição dos Jogos Pan-Americanos, no México, estabelecendo a marca de 17,89m. O recorde só seria quebrado 10 anos mais tarde, pelo americano Willie Banks.

Outras efemérides de 29 de maio
1953: O homem chega ao topo do Everest
1969: Cordobazo, o maio francês da Argentina

João nasceu em Pindamonhengaba, cidade no interior paulista, em 28 de maio de 1954. Menino pobre, entrou no exército em 1969, e seguiu carreira militar por 14 anos. Era sargento reformado. A vocação para o atletismo, despertada durante sua participação nos Jogos Regionais de São Paulo, em 1971, tomaria vulto ao ser descoberto pelo técnico Pedro Henrique Camargo de Toledo, dois anos mais tarde. Intensificaram-se os treinos e as competições, até que João do Pulo chegasse ao Pinheiros, na capital paulista, tornando-se o primeiro atleta negro a competir pelo clube.

O recorde estabelecido no Pan de 1975 foi fruto de sua obstinação e, é claro, do permanente acompanhamento de Pedrão. Além da medalha no México, João obteve naquele ano, pelo menos outros três títulos: o paulista, o sul-americano e o do Troféu Brasil.

O objetivo de João, então, passou a ser outro: o ouro olímpico que perseguiu por duas competições, sem êxito. Nos Jogos de Montreal em 1976, saiu da competição com uma medalha de bronze. Feito que se repetiu em Moscou, em 1980, numa polêmica que envolve um salto de João erroneamente anulado, que lhe garantiria o tão sonhado ouro.

Mas o grande revés na vida de João, aconteceria no ano seguinte. Três meses depois celebrar a conquista do terceiro título consecutivo na 2ª etapa da 3ª Copa do Mundo de Atletismo em ef="http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=15328">5 de setembro de 1981 , em Roma, João viveria a grande tragédia de sua vida. Na noite de 22 de dezembro de 1981, após paraninfar uma turma de formandos em Educação Física da PUC de Campinas, o atleta sofreu um acidente de carro: teve fratura exposta de tíbia e perônio, traumatismo craniano, sangramento pulmonar e e abdominal, além de diversas escoriações. João ficou em coma por quatro dias e num período de seis meses foi submetido a 16 cirurgias. Mas o tratamento não foi suficiente a ponto de impedir a amputação de sua perna direita.

Restabelecido, mas impedido de seguir a trajetória no esporte, João voltou-se para a carreira política. Exerceu dois mandatos consecutivos como deputado estadual, entre 1986 e 1993, defendendo a bandeira do esporte.

Nos últimos tempos, estava novamente junto do técnico Pedrão e preparava-se para disputar uma vaga nas Paraolimpíadas de Sidney (2000). Mas o destino, mais uma vez, lhe roubou a chance de ganhar o ouro olímpico.

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