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sexta-feira, 30 de março de 2012

BLOG DO ÊNIO LINS: Ao mestre Millôr Fernandes, com muito carinho e admiração


Millôr Fernandes é um de minhas referências para o jornalismo em geral e para o humor em particular. Iconoclasta radical, dono de uma criatividade inextinguível, vive para sempre a partir desta quarta-feira.
O acima-assinado à direita de Millôr, vendo-se ainda Paulo Poeta e Rita, todos nós no saudoso Casablanca, numa tarde de domingo
Tive a honra de farrear com ele uma única vez, aqui mesmo nas Alagoas, conforme atesta foto acima, já ao final da agenda.
Millôr é figura única em nossa imprensa, onde garantiu presença destacada por meio século, sempre destilando cultura no mais alto nível e, quando sempre, uma boa dose de veneno contra gregos, troianos e, mui especialmente, quem quer que se julgasse além da conta. Nariz empinado não era com ele.
Uma de suas peças, “Liberdade, Liberdade”, foi uma das duas ou três que tive a satisfação de participar das famosas leituras teatralizadas (prática usada como precursora para a decisão acerca da montagem); na obra citada, me chamou a atenção a erudição e o destemor dele em identificar e reproduzir uma canção dos fascistas espanhóis como exemplo de composição onde a palavra liberdadeera usada magistralmente. E o era. A peça era uma denúncia da direita, publicada nos anos de chumbo, e mesmo assim o autor não deixou passar a oportunidade de alfinetar os esquerdismos e a visões estreitas sobre quem teria a propriedade sobre o tema.
Uma de suas criações mais famosas é a história em quadrinhos “(Esta é) A verdadeira história do paraíso”, editada originalmente em capítulos periódicos em O Cruzeiro, teve sua publicação sustada por pressões de radicais ligados a Igreja Católica; anos depois da primeira tentativa transformou-a em livro, numa pioneira e ousada revisão dos mitos bíblicos da criação.
Millôr foi jornalista, escritor, cartunista, poeta, dramaturgo, tradutor e -essencialmente – polemista. Foi um inovador, mantendo-se sempre na vanguarda em seu tempo, trazendo técnicas diferenciadas (como o uso da aquarela no cartum) e as abordagens filosóficas em quadrinhos. Dele foram os primeiros desenhos feitos através de computador usados na mídia impressa brasileira, em alguns casos lançando mão das impressoras matriciais (enquanto a digitalização não alcançava os níveis comuns de hoje).
Mais informações sobre ele estão disponíveis na rede. A wikipédia oferece um bom resumo, inclusive explicando o quase inexplicável nome do cidadão. Visite lá o verbete millor e me economize tempo.
Ao mestre Millôr, este modesto tributo de um admirador.

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