ATÉ O
DOMINGO AMANHECER
- Doutora, na
verdade estou cansada, enjoada de meu marido, casei-me cedo aos 18 anos, hoje
com 25 me sinto uma menina, Germano ficou velho, passa a noite em casa na
televisão assistindo novela e jogo de futebol, vai trabalhar porque tem necessidade,
sem filhos, não tem mais emoção, a alegria de quando nos casamos. Quando
fazemos amor é aquela coisa burocrática, obrigatória. Confesso, já tive vontade
e oportunidade de traí-lo, entretanto, não faz minha cabeça, queria meu marido
como antes. Oriente-me, por favor!
A doutora Junga da
Silveira olhou para Anunciada, pigarreou, com fala bem compassada deu sua
opinião.
- Minha querida, você
está passando pela crise dos sete anos, todo casal tem esse problema. Está na
hora de uma rearrumação nesse casamento via sexo, a cama é ótima para
reorganizar uma vida. Faça uma surpresa, à noite você convida o marido para
assistir a um bom filme, alugue um especial, cenas quentes de sexo. Compre três
garrafas de bom vinho, vista um lingerie sensual, assista ao filme e vamos ver
no que dá.
Uma semana depois voltou
Anunciada, radiante, satisfeita da vida.
- Doutora foi um santo
remédio, não acabamos a segunda garrafa de vinho, não havia terminado o filme,
nós já estávamos abraçados no tapete, tudo como antigamente. Germano vem
repetindo a dose quase todos os dias, a senhora salvou meu casamento. Eu
contei-lhe que a senhora sugeriu apimentar nossas noites, ele comprou o
Kama-Sutra, deu-me para ler e ver as figuras, as posições, todo dia tem
novidade.
Passaram-se alguns
meses, Anunciada voltou à consulta. Entrou nervosa.
-Desde aquela época nós estamos
constantemente tendo experiências novas na cama. Acontece que Germano me fez
uma pergunta, fiquei preocupada, perguntou se eu já tinha ouvido falar em
swing, eu respondi, é um ritmo de música. Ele sorriu e me explicou: “Existe
aqui no Rio de Janeiro clubes de swing, entretanto, não é para dançar, esse swing
é a troca de casais, cada um vai com a mulher do outro para o motel. Depois é como
nada tivesse acontecido.” Continuou: “Nós já fizemos todas as experiências que
imaginávamos. Será que você toparia fazer essa novidade?” Eu fiquei chocada,
não soube responder, ainda não sei o que dizer. Na minha cabeça ele é um grande
mau caráter, me trocar, saber que eu vou com outro homem que mal conheço. Isso
é degradante. Estava tão bom o Kama-Sutra, me ajude doutora.
- Querida Anunciada, a
traição é relativa, algumas pessoas acham que se você está fazendo e o parceiro
sabe, não é traição. No seu caso é diferente, pela escala de valores e de ética
muito forte, educação com padrões rígidos, típica nordestina, a decisão é sua.
Nada posso aconselhar.
Anunciada foi para casa. Sexta-feira à noite
Germano voltou a insistir no swing. Ela constrangida com o coração dizendo não,
aceitou a proposta. Foram ao bar da troca de casais, tomaram uma mesa, serviram
uísque, logo chegou um casal pedindo para sentar. Muita conversa, Germano
estava radiante quando viu a bela mulher da troca. O marido também era um alto,
bonito. Até que chegou a hora da troca. Anunciada estava com o coração aos
pulos. No motel não aguentou disse ao futuro parceiro, não queria, tornou-se
uma confusão, o cara telefonou no celular se sentindo ludibriado.
Em casa ao ver o marido chegar, teve nojo,
asco de Germano, disse apenas que precisava de um tempo, pensar. Dormiu num
hotel. Dia seguinte pegou todas as roupas, foi para o aeroporto, retornou para
sua querida e bonita cidade. Contou o porquê da separação aos pais. Eles deram
todo apoio.
Hoje Anunciada é solteira, independente e
feliz, é vista aos sábados num bar gostoso, bem frequentado por paqueradores, onde
comparecem as mulheres mais descoladas da cidade. Em vez em quando ela leva um
parceiro a seu pequeno apartamento, oferece um bom vinho, assiste a um bom
filme, à vontade, de lingerie, faz amor até o domingo amanhecer.
ESTA É UMA HISTÓRICA VERÍDICA ME CONTADA PELA PERSONAGEM PRINCIPAL
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