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quinta-feira, 31 de março de 2011

HISTÓRIAS DO VELHO CAPITA - Carlito Lima

              PULANDO A CERCA
                


- “Estou danada de vontade de dar, de pular a cerca, de trair o Zé, tenho uma dor no peito, depressão, raiva, pelo desprezo que tenho a meu marido. Dá vontade de sair com um cara, transar muito, sou a mulher mais carente e idiota do mundo, Doutor.”
      - “Olhe Dona Margarida, entendo sua vontade, mas esse negócio de trair, na maioria das vezes retorna em arrependimento, piora a depressão. Faça as coisas que o coração manda, entretanto, deve-se ter calma.” Disse o Doutor Ferreira, psicólogo de Margarida há alguns anos.
   - “O senhor me condena, se eu pular a cerca?”
   - “Não é minha função julgar, nem condenar alguém, meu ofício é orientar, apenas isso. Sei que é uma situação passageira, por isso aconselho pensar, o travesseiro noturno ou uma volta na orla contemplando o mar, refletindo, acalma o coração, faz bem a depressão.”
   - “Doutor, o problema maior é o meu desprezo pelo Zé, nunca pensei, ele é um cara fraco, perdedor, desde que foi despedido do emprego há mais de cinco meses, vive dentro de casa, esperando que as coisas caiam do céu, todo dia é uma desculpa ou uma mentira de promessa de emprego. Eu sustento a casa, comida, aluguel, e o colégio do Jairzinho, tudo com meu trabalho de cabeleireira, não tenho descanso aos domingo para sustentar a casa e o Zé nem aí. Só sai para o botequim, chega na hora do jantar, o português da bodega já não vende fiado. É uma tristeza, minha única reação é não transar quando ele se achega querendo coisas. Uma noite me pegou a pulso, não sei mais o que fazer. Que ele merece um chifre, merece. Tenho um cliente, coroa alinhado, elegante, faz cabelo e unhas toda semana, olha demais para mim, conversa, eu deixo meu decote bem aberto ele fica contemplando, mas é um homem sério. Da última vez que ele foi ao salão, lendo uma reportagem sobre a Déborah Secco, Surfistinha, disse que viu o filme, gostou da beleza e da nudeza da artista. Eu sorri para ele perguntando se gostava da fruta. O coroa deu uma gargalhada, me respondeu, gosto e é bom. Apesar dele ter chegado aos sessenta anos, tenho certeza, se eu quiser, sai comigo.”
     - “Dona Margarida, acabou sua hora, veja o que vai fazer. A melhor solução para briga ou desentendimento é o diálogo. Faça uma força, fale francamente, com o Zé, diga tudo que pensa, que ele arranje um emprego, nem que seja de varredor, não é desonra alguma. Olha! Vou viajar, só retorno no outro mês.”
   Margarida foi para casa, tirou o fim-de-semana para se resolver. Sábado ao entardecer foi contemplar o mar azul-esverdeado. Pensou bastante nas palavras do Dr. Ferreira, consultou ao coração e à mente, pensou no Zé, no Jairzinho, no sessentão cheiroso. Era noite quando tomou a decisão, primeiro, uma conversa franca com o marido.
        - “Que ares de felicidades são esses?” Perguntou, um mês e meio depois, o doutor à Margarida. “Vejo que resolveu seus problemas, gostei dessa transformação jovial, acabou-se a tristeza, a depressão.”
        - “Doutor, tudo começou com o contemplar do belo verde mar, me senti bem, pensei no que meu coração queria. A primeira decisão foi ter uma conversa aberta com o Zé, disse que estava a fim de me separar, fui franca, critiquei as grossuras dele comigo, a preguiça de arranjar trabalho. Finalmente acertamos, outra chance no casamento, eu ajudaria a procurar-lhe emprego. As coisas se arrumaram, estamos vivendo melhor, ele agora tem um trabalho, ajuda no sustento da casa, sua auto-estima melhorou, até na cama.”
        - “Ainda bem que a senhora apagou a ideia de pular a cerca com o coroa elegante”. Disse o doutor Ferreira sorrindo para sua cliente.
          - “O doutor elegante chama-se Paulo, com ele arranjei uma vaga de almoxarife para o Zé, o coroa tem construtora. É um homem generoso. Aqui para nós, apesar da idade, ainda é bom de cama.”
     

SEGURANÇA: PROIBIDO O USO DE CELULAR EM BANCOS DO RIO DE JANEIRO

Com 54 votos, os deputados garantiram nos próximos dias a promulgação da lei que visa reduzir crimes como a saidinha de banco. Pela nova norma, é permitido portar o aparelho, mas é proibido o seu uso dentro do banco.
Segundo o texto da nova lei, os funcionários e vigilantes da agência serão responsáveis por garantir o cumprimento da norma, que deverá ser divulgada pelos bancos, através de cartazes no local.

DEBORAH SECCO, A SURFISTINHA NO CINEMA, BATE RECORDE



O filme Bruna Surfistinha conta a história de Raquel, vivida por Deborah Secco, uma jovem de classe média que vira garota de programa, foi vista por mais de 400 mil pessoas só no fim de semana de estreia, em 340 salas de cinema do Brasil, alcançando uma bilheteria de mais de R$ 4 milhões em apenas três dias. O filme obteve o segundo melhor rendimento entre as estreias de 2011.

Idoso de 98 anos é preso ao atacar policiais com machado e faca


Idoso teria atacado duas policiais que foram à sua casa após terem sido chamadas pela enferemeira que o atendia.

BBC
Idoso teria atacado policiais com faca e machado (Foto: AP)Idoso teria atacado policiais com faca e
machado (Foto: AP)
Um homem foi preso pela polícia, na cidade escocesa de Scone, na Grã-Bretanha, após ter supostamente tentado matar duas policiais com um machado e uma faca.
Acredita-se que Sylvester Nowak, de 98 anos, seria a pessoa mais velha já detida pela polícia escocesa.
Em uma audiência privada, o idoso, que é um veterano de guerra, foi acusado de ferir gravemente a policial Shona Beattie e de tentar assassiná-la, ao esfaqueá-la no braço. Na ocasião, ele também teria tentado assassinar a colega dela, Katie Deas, ao golpeá-la na cabeça com uma faca e um machado na cabeça.
Nowak foi enviado para um hospital psiquiátrico local, a fim de ser avaliado, ao longo de 28 dias.

DEU NO BLOG DO ODILON

Ação penal contra primeiras damas pronta em dias


A ação penal contra as primeiras damas das cidades de Belo Monte, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia e Traipu, além de secretários municipais- presos pela Operação Mascotch- será aberta nos próximos dias, após a conclusão do inquérito pela Polícia Federal.
Segundo o procurador da República, José Godoy Bezerra de Souza, a ação penal vai atingir todos os 16 presos pela PF. Eles foram indiciados por formação de quadrilha, fraude em licitações, peculato e, em alguns casos, corrupção.
No caso do envolvimento dos prefeitos, se a documentação constatar a participação deles, o inquérito sobe em instância: vai ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em Recife.
Tudo dependerá da papelada a ser devassada pela PF. E os detalhes que elas poderão trazer, na fraude de R$ 8 milhões nas prefeituras.

RETRATOS DA VIDA - Sandra Tenório

O “ÚLTIMO” CASAMENTO DO DJ



Luciano nasceu no Vergel do Lago, bairro de classe menos abastada
de Maceió. Da maternidade partiu direto para a casa de sua avó, precisava
de cuidados especiais, problemas na hora do parto. A mãe acompanhou seu
crescimento, não pode criá-lo até a mocidade. Engravidou novamente, não
resistiu ao novo parto, nem ela nem o bebê.


O cuidado dos avós transformou o pequeno menino. Sabedor da proteção,
cedo iniciou suas peripécias. Culpava os amigos pelas janelas quebradas com
bola, namorava as meninas da rua, vendia mangas tiradas nas ruas do bairro.


Todo final de tarde saia com seu avô para a pesca do Sururu, marisco muito
cobiçado e apreciado. Preparado com côco ou vinagrete era sua refeição
favorita. Nas conversas no barco aprendeu que mulher era pra casar. Namoro
devia ser curto. Suficiente para conhecer a família, saber os principais dotes,
assumir. Nada de descobrir os defeitos ou qualidades antes do casamento.


Seguia o conselho recebido. Casou a primeira vez aos 19 anos, logo foi pai.
Separou-se um ano após a cerimônia.


Depois do primeiro enlace, os demais foram fáceis. Logo estava no nono
casamento. 35 anos de idade, muitas pensões alimentícias para os 8 filhos
deixados nas mulheres. Fazia 1 para cada.


Salário apertado, sua saída era arrumar mais um trabalho. Resolveu que seria
no horário noturno em uma boate, DJ. Uniria o útil ao agradável, assim poderia
sair nas quintas, sextas e sábados. Aprendeu a profissão, separou as musicas,


fez contato com os amigos, demonstrou seu conhecimento, logo foi contratado.
O dinheiro extra serviria pra sustentar a atual relação.


No início foi fácil. As mulheres não percebiam sua beleza por detrás do vidro
preto que pediu que fosse colocado. Não queria problemas. Havia decidido que
estava na hora de aquietar-se. Cansara de trocar de mulher, descobrir que os
problemas apenas mudavam de endereço. Com Roberta, ciumenta como só
ela sabia ser, terminaria seus dias de vida. Era casamento pra sempre.


Numa noite de dezembro engraçou-se por uma loirinha, linda, gaúcha, alta,
olhos verdes, pele levemente bronzeada. Saiu de trás do vidro para ver mais
perto. Pegou uma cerveja no bar e foi para o salão. Havia programado músicas
para 1 hora, não precisava trabalhar, computador tem serventia.


Iniciou a conversa perguntando a origem da moça, o que fazia no nordeste.
Descobriu que era apenas turismo, demoraria 15 dias na cidade. Não resistiu,
beijou-a no salão. Sabedor do ciúme da mulher não queria chegar fora do
horário em casa. Marcou para pegá-la pela manhã, faltaria ao trabalho, iriam
pra praia. Compraria logo um bloqueador solar com fator 60, ficaria na sobra.
Não contava que o beijo marcaria sua camisa branca com batom vermelho.


Em casa Roberta logo percebeu a marca, armou o barraco, queria conhecer
a vagabunda que havia feito aquela miséria. Luciano desculpou-se, fez amor
durante muito tempo na noite, explicou que não teria aquela performance se
tivesse outra mulher.


Roberta não acreditou e disse que iria pra boate com ele a partir daquela data,
todas as noites. Daria um jeito nas crianças.


Luciano acordou cedo, explicou que teria reunião no interior, não poderia
atender telefone, mas ligaria no final da tarde. Iria levá-la pra trabalhar à noite
como haviam combinado.


Foi buscar sua loirinha, desceram de mãos dadas no hotel e partiram para o
Sonho Verde. Praia discreta, sem conhecidos pra testemunhar a vadiagem. Na
volta, passaria umas horas no hotel, não podia demorar.


Aproveitou o momento em que a loirinha foi ao banheiro e pegou “emprestado”
o maldito batom vermelho que havia manchado sua camisa. O plano tinha que
ser perfeito. Despediu-se logo.


Passou na boate, pediu para entrar, seria rápido. Passou o batom em 3 lugares
diferentes de parede onde poderia encostar com facilidade, em seguida partiu
para buscar sua honrada esposa.


Vestiria novamente camisa branca, precisava mostrar que não havia mentido
na noite anterior. Tomou banho, ficou cheiroso. Foram juntos, não desgrudaria
de Roberta.


Lá pelas 2 da matina encostou-se propositalmente no batom, manchou bem a
camisa. Roberta logo viu, procurou a vagabunda mas não havia como culpar
ninguém, ela mesma estava de lado, não havia outra pessoa naquele espaço.


Luciano estava livre, seu plano foi perfeito, até o batom era o mesmo. Sua
amada esposa estava convencida.

TESOURA NA BARRIGA


Instrumento pode ter sido deixado durante cirurgia para retirada de ovário.
Paciente só descobriu problema após sentir dores abdominais.

Do G1 SP, com informações da EPTV

Uma dona de casa de Araraquara, no interior de São Paulo, descobriu que há dois anos tem uma tesoura cirúrgica na barriga. O instrumento foi esquecido durante uma cirurgia para a retirada de um dos ovários.  Ela percebeu o problema porque começou a sofrer fortes dores abdominais. No começo de janeiro, a mulher fez uma nova cirurgia para a retirada do instrumento cirúrgico de cerca de 18 centímetros e parte do intestino teve que ser retirado.

Nesta quarta-feira (30), a vítima relatou que uma ponta da tesoura estava quebrada e circulou pelo corpo, provocando fortes dores na região do abdômen. Um exame de raio X constatou o erro médico."Já contratei um advogado e pretendo entrar com uma ação contra os responsáveis", disse o marido da paciente, que só agora resolveu divulgar o caso.

SOU NEGRA, GAY E FELIZ


Cantora foi escolhida para ser a rainha da XV Parada Gay de São Paulo.
'Sou negra, gay e feliz', afirmou no lançamento oficial da Parada.

Marcelo MoraDo G1 SP
Cantora Preta Gil participa do lançamento oficial da XV Parada Gay de São Paulo, na Zona Oeste de São Paulo (Foto: Marcelo Mora/G1)Cantora Preta Gil participa do lançamento oficial da XV Parada Gay de São Paulo, na Zona Oeste de São Paulo (Foto: Marcelo Mora/G1)
A cantora Preta Gil, escolhida para ser a rainha da XV Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, disse, no lançamento oficial do evento, na noite desta quarta-feira (30), na Zona Oeste de São Paulo, que "está passando por um terror", sobre a polêmica com o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
No programa "CQC", da TV Bandeirantes, exibido na noite de segunda (28), Bolsonaro afirmou que não discutiria "promiscuidade" ao ser questionado pela cantora Preta Gil, sobre como reagiria caso o filho namorasse uma mulher negra.
A pergunta, previamente gravada, foi apresentada no quadro do programa intitulado "O povo quer saber": "Se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?" Bolsonaro respondeu: "Preta, não vou discutir promiscuidade com quer que seja. Eu não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu."

OBAMA AUTORIZOU SECRETAMENTE APOIO AOS REBELDES NA LÍBIA


Documento autorizaria operações da CIA, dizem fontes do governo.
Oficialmente, Obama afirma que não descarta hipótese de armar oposição.

Do G1, com agências internacionais
O presidente dos EUA, Barack Obama, assinou uma ordem secreta autorizando apoio oculto aos rebeldes que tentam derrubar o ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, segundo fontes governamentais ouvidas pela agência Reuters nesta quarta-feira (30). A TV ABC também divulgou a mesma informação.
Obama assinou o documento há duas ou três semanas, segundo quatro diferentes fontes próximas ao tema.
O documento autorizaria operações secretas feitas pela CIA, principal agência de inteligência do país.
A CIA e a Casa Branca não comentaram a informação.
Os EUA, outros membros da Otan e países árabes integram uma coalizão que está conduzindo ataques aéreos contra as forças de segurança do governo líbio, cumprindo um mandado da Organização das Nações Unidas (ONU) para proteger os civis que se opõem a Kadhafi.
Oficialmente, Obama e a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmam que a possibilidade de armar os rebeldes líbios não está descartada, mas que nada foi feito nesse sentido até agora.

UM TEXTO DE MURILLO MENDES

Uma Guerra Humanitária! Será?

Murillo Rocha Mendes
(Membro da Academia Alagoana de Cultura)


Acho, por arraigada convicção, que não há guerra humanitária, tanto quanto não há
guerra santa... Guerra é guerra. Envolve, sempre, violência, destruição e mortes, prestando-
se, quase sempre, a interesses mesquinhos, hegemônicos ou não; mas, necessariamente,
políticos e econômicos. Não obstante isso, pode acontecer, até, que ela seja inafastável. Por
exemplo, diante de uma invasão territorial belicosa, como atitude lícita e indeclinável de
legítima defesa. Mesmo nesse caso e em outros que tais, somente, após esgotados todos os
meios suasórios, racionais e inteligentes.

Ocupo-me, como pode indicar o exórdio desta minha crônica, da chamada guerra
humanitária que nações poderosas e hegemônicas, por interesses conhecidos que não ousam
confessar, iniciaram contra Líbia. Que visão de defesa da humanidade se pode extrair dessa
guerra mais ou menos declarada? Será que ela pode ser havida como uma manifestação de
amor e de defesa da humanidade sitiada, à beira do extermínio? Será que se pode invocar tal
preocupação nessa desinibida atitude de hostilidade (?); que ela se fundamenta e justifica-se
sob o pálio da suprema defesa de seus semelhantes? Eu, de minha parte, não a vejo como
uma ação de filantropia...

Trata-se, evidentemente, malgrado a autorização dúbia e extensiva da ONU que
tudo permite e avaliza, inclusive, que se mate civis de um lado, sob o pretexto de resguardar
e proteger iguais civis do outro lado, principalmente, quando estes estão bem armados e em
insurreição. Não se discute, aqui, o tirano, o déspota Muammar Gaddafi, seu governo; aliás,
do mesmo jeito que os protagonistas da iniciativa beligerante não discutiram suas alianças,
seus aliados estratégicos da região, como o Iêmen de Ali Abdullah Saleh e com o Bahrein
do rei “King Hamad bin al-Khalifa”. Nem com a monarquia sunita da Arábia Saudita.

Nenhum desses países aliados, mesmo por conveniência, pode ser paradigma de
democracia, templo de respeito à dignidade de seus habitantes. Igualmente, diga-se de
passagem, nenhum país, mesmo os mais fortes, se pode arvorar em voluntario combatente
universalista, em polícia do mundo. Há outras formas civilizadas de punir tiranos e
assassinos; de reprimir e justiçar esses genocidas. Deixar de comprar-lhes o petróleo; deixar
de vender-lhes armas, por exemplo, mesmo contrariando possíveis e imediatos interesses
conjunturais.

Que dizer dessa guerra à distância, realizada horizontal e verticalmente, quando
aviões supersônicos, provenientes de colossais porta-aviões e de bases incrustadas nos
territórios dos tiranos amigos, quando fragatas, submarinos e cruzadores movidos a energia
nuclear, milhas e milhas, pés e pés distantes, são capazes de atingir seus
selecionados “alvos militares”, inclusive aqueles que se localizam nos centros urbanos?
Quem garante os civis do lado de Gaddafi contra os reiterados e conhecidos erros desses
cálculos balísticos complexos? Claro que a população civil do outro lado, vítima de erros

humanos, ou da desídia dos artilheiros, ou da menor valia que se lhe possa atribuir, não tem
qualquer garantia, nem da ONU.

Claro, que esses civis desarmados, também, são atingidos e dizimados sob o
pretexto de proteger os civis do lado de lá; enfatize-se, em plena insurreição e bem armados
para sua luta decisiva contra o governo a que querem substituir... Aliás, tem sido uma
indelével mácula na reputação de alguns países desenvolvidos, a evidência de que têm
matado, com sua política de interesses e no exercício de polícia moral do mundo, civis
desarmados no Oriente Médio na Ásia e na África. Pior, tudo praticado em nome dos
direitos humanos...

Um ato de beligerância é, sempre, uma consumação de tragédias, de massacres;
principalmente, nessas guerras de escolha. E não se fale de que se pretende, como no caso
da Líbia, derrubar um ditador sanguinário, como se ele discrepasse da aliada monarquia
pouco democrática da Arábia Saudita, ou dos governantes aliados e alinhados do Iêmen e
do Bahrein que vêm dizimando, sem piedade e sem remissão, os que lhe contestam, por
exemplo. Na verdade, esses conflitos não têm nada de humanitários, são guerras, repiso, de
interesses conhecidos e não confessados, em que predominam estratégias várias de
geopolítica e de eventuais territórios sobre jazidas de petróleo, fonte energética, ninguém se
engane, que prevalecerá, ainda, por muito e muito tempo.

Que representa a Líbia nessa conjuntura? É o décimo segundo exportador mundial
de petróleo “in natura”; de petróleo nobre, do tipo “cru leve”, realce-se. Suas jazidas estão
dimensionadas em quarenta e quatro bilhões de barris, as maiores da África; releve-se, com
a exploração de, apenas, um quarto do seu território que foi prospectado. Duas grandes
empresas petroleiras, multinacionais, a BP e a Exxon Mobil desenvolvem suas atividades
extrativas na região desértica de Ghadames e, sobremaneira, na Bacia de Sirte, onde estão
contidos mais de oitenta por cento de suas comprovadas reservas. E isto constitui metade do
PIB líbio e noventa e cinco por cento de suas atuais exportações.

Que existirá para ser explorado nos outro três quartos de seu território desértico?
Induvidosamente, o povo líbio não sabe... Sabem-no essas empresas petroleiras? Pelo
menos, devem ter uma boa desconfiança... Segundo tudo indica, a insurreição na Líbia é
tribal. Antes de Gaddafi, até 1969, ela foi palco de constantes e sangrentas rivalidades
tribais que, agora, devidamente estimuladas, voltam a encrudescer. Hoje, tudo gira na
oposição de Benghazi ao leste e Trípoli ao oeste. Juntas, aglomeram mais de oitenta por
cento da população líbia; e é dessa insurreição tribal que os acontecimentos vêm sendo
produzidos e manipulados, mercê de uma cultura nascida da divisão do país por
inumeráveis tribos.

E o nosso Brasil? Que posição adotou, na ONU, diante dessa conflagração? Mesmo
lutando por um lugar permanente no seu Conselho de Segurança, construiu uma posição
respeitável, por correta e inteligente. Não subscreveu a autorização para a guerra. Absteve-
se, proclamando sua vocação pacifista, mesmo por que, em breve, seremos um dos maiores
produtores de petróleo do mundo, com a exploração do pré-sal. Acho que, sob a égide do
PT, fizemo-nos oportunos e pontuais, colocando as barbas de molho.

JB ONLINE - DIA 31 DE MARÇO NA HISTÓRIA

31 de março de 1980 - Morre Jesse Owens, o atleta que venceu a Teoria de Hitler

A morte de Jesse Owens. Jornal do Brasil: Terça-feira, 1º de abril de 1980

"Mais do que um grande atleta. morreu ontem com Jesse Owens uma verdadeira legenda do esporte internacional, uma glória da história dos estados Unidos. Um homem que, ao lado de um punhado de norte-americanos negros como ele, defendeu a dignidade e a bravura de sua raça, fazendo com que Adolf Hitler abandonasse o estádio no auge das Olimpíadas de Berlim, em 36, que haviam sido organizadas com todo cuidado para provar ao mundo apretensa superioridade da raça ariana.

Mas o traço marcante da personalidade de Owens foi, paradoxalmente, a humildade, que eledeve ter herdado de seus antepassados - uma família que trabalhava na colheita do algodão, no Alabama. Desde os tempos de infância, quando cantava na spirituais negros com os parentes, até mais tarde, já rico e famoso, sua maior preocupação foi não se deixar dominar pelo ódio ou pelo ressentimento
". Jornal do Brasil

O grande atleta negro norte-americano Jesse Owens - que em 1936 destruiu a teoria da superioridade da raça ariana propalada por Adolf Hitler conquistando 4 medalhas de ouro nas Olimpíadas de Berlim - morreu na manhã de uma segunda-feira na clínica da Universidade de Tucson, EUA, vítima de câncer no pulmão, geralmente associado ao consumo excessivo de cigarros. Apesar da doença, manteve-se lúcido até o final. Tinha 66 anos.

Velocidade e leveza

James Cleveland Owens nasceu em Danville, Alabama, em 12 de setembro de 1913. Para fugir da miséria, seu pai levou a mulher e os nove filhos para Cleveland, Ohio, onde Owens entrou numa escola pela primeira vez. Numa das aulas iniciais, a professora perguntou-lhe o nome e ele respondeu apenas as iniciais: J. C. A professora entendeu "Jesse", e foi assim que passou a se chamar aquele que seria um dos mais importantes nomes do esporte mundial de todos os tempos.

Só no ginásio, porém, viriam a se revelar suas habilidades no atletismo numa técnica perfeita: a coordenação de movimentos de explosão da saída e do impacto da chegada; e a impulsão e a leveza nos saltos em distância. E começaria a colecionar conquistas.

Mas o momento maior ainda estava por chegar. O palco era a Berlim do atribulado período entre-guerras. Foi no cenário montado para ostentar os anseios de supremacia da raça ariana de Hitler que Owens desbancou todos os adversários com a conquista de 4 medalhas de ouro e subiu ao pódio coberto de glória. Esta façanha não foi assistida pelo Fuhrer que, indignado, retirou-se do estádio instantes antes da premiação.

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