13 de setembro de 1993: Morre Austregésilo de Athayde
"Quando eu morrer, espero que em meu túmulo figure que fui um defensor do liberalismo e da democracia. Pois baseei minha vida nesses ideais".Austregésilo de Athayde
O escritor Austregésilo de Athayde, presidente da Academia Brasileira de Letras por três décadas e meia, morreu de parada cardiorespiratória, numa clínica no bairro carioca de Botafogo, 12 dias após completar 95 anos de idade.
Pai de três filhos, romancista e ensaísta que não se considerava um literato, mas um jornalista apaixonado pela profissão, "defensor do liberalismo e da democracia, pois baseei minha vida nesses ideais". Athayde foi um dos signatários da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948.
Batizado Belarmino Maria Austregésilo de Athayde, o escritor nasceu em Caruaru, interior pernambucano no dia 25 de setembro de 1898. Filho de um magistrado e de uma musicista, cresceu num ambiente intelectualizado na companhia de outros 11 irmãos. Aos 12 anos, seguiu para o Seminário, tendo estudado até o terceiro ano de Teologia. A carreira religiosa, no entanto, foi abandonada pela intervenção dos padres, preocupados com a falta de firmeza religiosa daquele rebelde que lia autores considerados perigosos na época. No início dos anos 20, já estabelecido no Rio, ingressou no vespertino A Tribuna, registrando assim o início promissor da sua carreira jornalística. Colaborou no Correio da Manhã e assumiu a direção de O Jornal (1924), órgão líder dos Diários Associados de propriedade de Assis Chateaubriand, com quem manteve 50 anos de amizade, nterrompida pela morte do empresário.
O primeiro romance de sua autoria Marion, jamais foi publicado, o que ele justificou "bastante triste para a obra, mas bastante propício para a literatura brasileira". Depois escreveu As histórias amargas (1921) - com prefácio de Coelho Neto e Quando as hortênsias florescem. E vieram ensaios, crônicas e estudos sobre a atuação política de Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e outras personalidades reunidos em Mestres do liberalismo (1952). Escreveu também Vana verba(1966), Epístola aos contemporâneos(1967), Conversas na barbearia Sol (1971), Alfa do Centavo (1979), entre outros.
O homem que tinha em sua biblioteca 40 mil livros, inclusive raras obras do século 16, foi testemunha privilegiada da história da República. De fôlego incansável, só se rendeu mesmo à pneumonia dupla que começou a se manifestar pouco menos de um mês antes do jornalista adbicar de sua imortalidade, conquistada 42 anos antes, ao entrar para a Academia Brasileira de Letras.
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