sábado, 16 de maio de 2015

UM TEXTO DE MARCEL DAVI LOUREIRO

O que faz uma criança se tornar um adulto bem sucedido?
Por: » MARCEL DAVI LOUREIRO – médico
Qual seria a principal característica que levaria uma criança a uma futura vida de sucesso? Deixemos as questões filosóficas de lado, o sucesso de que estamos falando aqui é ganhar bem. O dinheiro é uma boa medida de sucesso, porque além de ser o que a maioria das pessoas mais quer, é um dado facilmente mensurável (se definíssemos o sucesso como “ser feliz”, como mediríamos, depois, qual adulto é mais feliz?).

A resposta tradicional é a inteligência, essa seria a causa do sucesso. Se a inteligência fosse o motivo do sucesso, porém, as notas de um aluno deveriam se correlacionar ao salário dele quando adulto, algumas décadas depois. Só que isso não acontece. Apesar do desempenho escolar no fim do ensino médio ser um bom indicativo para a vitória, medir a inteligência das crianças menores, seja por teste de QI ou de outro tipo, não revela muita coisa. Crianças consideradas inteligentes aos 4 anos não se saem melhor que as outras na vida adulta.

Quer dizer, então, que não precisamos gastar com escolinha cara e podemos desencanar de ficar estimulando precocemente nossos bebês? Muito pelo contrário. Precisamos nos dedicar ainda mais, pois além dos conteúdos tradicionais, as pesquisas mais recentes apontam que precisamos ensinar também um conjunto de outras habilidades. Características como autocontrole, perseverança e resiliência são tão ou até mais importantes do que a inteligência.

Já na década de 60, um pesquisador americano decidiu fazer um experimento para descobrir a tal característica que levaria ao sucesso. Ele colocou meninos de 4 anos sozinhos em uma sala e ofereceu-lhes um chocolate, explicando que poderiam comê-lo ou esperar 30 minutos e depois trocá-lo por 3 chocolates. Nenhuma das crianças conseguiu esperar os 30 minutos, mas algumas conseguiram resistir mais do que outras. 30 anos depois os dados mostravam que quanto mais a criança havia aguentado esperar maior era o salário dela quando adulta. O pesquisador analisou diversos outros dados dessas crianças, como seu QI ou rendimento escolar, mas nenhum deles mostrou a mesma correlação.

O desafio está lançado agora para as escolas. Como ensinar essas coisas? Teremos notas para curiosidade, livros didáticos de determinação? E os pais, o que podem fazer? Difícil dizer, mas, talvez, ensinar a abrir mão do hoje em favor do amanhã, seja a mais importante das lições.

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